Os projetos possuem prazos cada vez mais apertados e por isso foi-se o tempo em que era possível esperar a conclusão do projeto para levantar os custos e iniciar o processo de contratação. Então como determinar se um modelo, ou uma área do projeto, estão em um estágio maduro o suficiente para iniciar as negociações com os fornecedores de materiais, serviços e equipamentos? Existe uma tabela de definição desenvolvida pela Vicosoftware, uma empresa especializada em controle de custo de empreendimentos (adquirida em novembro de 2012 pelo grupo Trimble, que é proprietária do Tekla e do Sketchup). Esta tabela recebeu o nome de LOD – level of detail ou ND – nível de detalhamento.
A ideia é tão simples quanto prática e funcional. São apenas 5 divisões principais (cada empreendimento pode subdividir a tabela de acordo com suas necessidades de prazo e recursos disponíveis).
- Nível 100: Os dados estão em tempo de rascunho e alocação no espaço. Os resultados são apenas esboços de distribuição dos elementos. Nesta etapa os processos são testados e redefinidos a fim de se encontrar uma melhor adequação às realidades a serem impostas pela construção. Nesta fase é comum que existam apenas desenhos esquemáticos em 2D, diagramas, fluxogramas, tabelas de dados e alguns objetos em 3D sem forma, apenas para simbolizar ensaios de possíveis arranjos.
- Nível 200: Os objetos em 3D já se aproximam do volume dos objetos no mundo real. As geometrias dos objetos e os espaços necessários ao seu funcionamento estão definidos e validados pela engenharia. Neste estágio verificamos as interferências e reservas de espaço para montagens.
- Nível 300: A alocação dos objetos em 3D é definitiva (para o ambiente de projeto, em ambiente de construção poderá ser revisto). Os processos já estão maduros e os cálculos necessários de engenharia estão concluídos. As variáveis dos componentes foram alimentadas para o correto dimensionamento dos equipamentos (folhas de dados). Todas as funções do modelo foram validadas, os processos, os arranjos e a documentação de construção pode ser extraída do modelo 3D.
- Nível 400: Uma equipe técnica de engenharia se mobiliza para encontrar e homologar os possíveis fornecedores de materiais, equipamentos e serviços capazes de atender tecnicamente a construção do empreendimento. Nesta fase são imputados no modelo 3D informações coletadas junto aos prováveis fornecedores que serão úteis durante a construção e montagem. Para cada componente a ser negociado existem partnumber de alguns prováveis fornecedores para serem precificados. Também deve ser preparado o planejamento (sequência temporal) de montagem e construção, em sintonia com as disponibilidades de materiais e recursos no mercado, para prover prazos nas negociações de precificação.
- Nível 500: Entra a equipe de suprimentos, munida das informações no modelo, para fechar os contratos. Os dados de aquisição, contratação e construção devem ser imputados no modelo para que sirvam de referência para a continuidade da operação e manutenção do empreendimento. O modelo contém as ordens de compra, cotações, observações de serviços pendentes, previsões de manutenção preventiva, relação de consumíveis dos equipamentos, possibilidades de substituições de componentes similares, dentre outras coletadas durante a obra. As informações de manutenção, no decorrer da vida útil do empreendimento, devem voltar para os objetos no modelo para manter histórico e auxiliar nos diagnósticos de falhas.
Em resumo temos os seguintes conceitos:
- ND / LOD 100 = Existe uma coisa.
- ND / LOD 200 = Existe uma coisa que ocupa este espaço.
- ND / LOD 300 = Existe uma coisa com estas funções e opções.
- ND / LOD 400 = É esta coisa em particular.
- ND / LOD 500 = É esta coisa real, fornecida por esta empresa, nesta data.
Uma outra representação desses níveis de detalhes, de forma mais detalhada e especificada, seria a imagem abaixo:
Dentro de um empreendimento complexo podem haver objetos, ou áreas inteiras, em níveis de LOD diferentes, de acordo com a evolução do projeto. Cada usuário das informações do modelo deve interpretar os dados tomando como peso o nível de LOD em que a informação se encontra para tomar decisões mais acertadas.
Agora o ponto que merece destaque e reflexão: As empresas contratantes de uma “Engenharia BIM”, não estão preparada para remunerar as empresas de projeto e detalhamento, considerando o LOD/ND do projeto, ou mesmo pagar o projeto pelo projeto BIM elaborado e continuam remunerando os contratos, pela documentação gerada. Isso é um erro e precisa haver um modelo ideal de contratação, pois a tecnologia evoluiu mas os processos de fiscalização, contrato e documentação não podem ficar atrelados ao método “antigo” e convencional.